CONTEXTUALIZAÇÃO
No fim do século XIX, a crença no valor
da ciência atingiu o seu auge. Os extraordinários progressos nas mais diversas
áreas científicas e técnicas consolidaram a fé no conhecimento como alicerce de
um mundo melhor. Endeusados, revestidos de uma quase omnipotência, o
racionalismo e o método científico dominam, então, a cultura europeia.
Fazendo-se sentir em todas áreas, das
ciências exatas às ciências sociais, da filosofia ao ensino, o apreço pelo
concreto, pelo “positivo” vai também refletir-se na arte e na literatura.
Artistas e escritores rejeitam os
velhos cânones académicos e voltam-se
para o mundo que os rodeia, procurando retratá-lo da forma mais
objectiva. No entanto, as necessidades do espírito rapidamente se manifestam e,
numa oposição clara ao Realismo dominante, emerge a corrente simbolista, feita
de imaterialidade e transcendência.
Embora contrárias, as duas tendências
partilham da mesma ousadia e da necessidade de encontrar uma estética própria,
liberta das regras tradicionais.
Este sentimento conduzirá à Arte Nova
que tão fortemente marcou a viragem do século.
Procurando acompanhar o passo da
Modernidade europeia, os intelectuais portugueses consomem avidamente as
novidades que, “aos pacotes”, lhes chegam de comboio. No último terço do
século, sob o impulso da Geração de 70, o nosso país abre-se ao debate social e
ás novas tendências literárias. Adere também, embora de forma moderada, à
estética realista que tinha conquistado a Europa, 20 anos antes. Não se colocando
à margem da revolução cultural que se desencadeara na Europa, Portugal mantém,
no entanto, a sua índole prudente e conservadora.
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