quarta-feira, 22 de agosto de 2012

ENCENAÇÃO DO PODER ABSOLUTO

Na monarquia absoluta, o rei utilizava a vida em corte para mais facilmente controlar a Nobreza e o Clero. O grupo que rodeava o rei (sociedade de corte) estava constantemente sujeito à vigilância deste. Em França, o centro da vida de corte desenrolava-se no Palácio de Versalhes, onde habitavam orei e a alta nobreza. O Palácio era, simultaneamente, lugar de governação, de ostentação do poder e de controlo das ordens privilegiadas.
 Todos os atos quotidianos do rei eram ritualizados, “encenados” de modo a endeusar a sua pessoa e a submeter as ordens sociais. Cada gesto tinha um significado social ou político, pelo que, através da etiqueta, o rei controlava a sociedade. Um sorriso, um olhar reprovador assumiam um significado político, funcionando como recompensa ou punição de determinada pessoa. O cerimonial do acordar do rei Luís XIV, conhecido por “entradas”, através do qual o Rei-Sol submetia a corte a uma hierarquia rigorosa.

O coche real:Como símbolo do Poder Real, o tejadilho está encimado por uma coroa e apresenta figuras de dragões alados representando a Casa de Bragança

Quotidiano: Século XVIII-Um Elegante do Século XVIII

Descrição
«Tenho o prazer de lhes apresentar o elegante português de 1720. Nunca saiu de Lisboa, mais lisboeta só uma alface.
Está sentado ao toucador, pintando-se, polvilhando-se, fazendo caretas diante de um espelhinho e cantando os versos que ouvira na última comédia do teatro do Bairro Alto. (...)
Calça sapatos de salto com grandes fivelas de prata. Já tomou o seu bochecho de água de rosas; arrepiou os cabelos mais eriçados que se visse um lobo, para encaixar a cabeleira postiça (...) Ata a sua gravatinha; ajusta sobre a camisa a véstia de cetim e veste a sua casaquinha verde. Tira do cabide o seu chapéu de três cantos; pega no «quito» (espada muito pequenina que mais parece uma jóia) e no lenço muito branco e fino. (...)
Está pronto. E gritar pelo negrinho da casa que lhe abra a porta e abalar escada abaixo, em pé de dança.»

Júlio Dantas, 1917
(adaptado)
Quotidiano: Século XVIII-Uma Elegante Lisboeta do Século XVIII
Descrição
«Tenho a honra de lhes apresentar uma das mais célebres lisboetas do século XVIII, a menina Luísa de Sousa Vilanova, dezanove anos (...), cheia de polvinhos, mosqueada de sinais, fútil, caprichosa e beata.
Não a estão vendo, bem sei, porque são apenas oito horas da manhã e a esta hora a nossa elegante ainda se conserva recolhida (... ).
Esperemos que acorde e sacuda a campainha de prata da cabeceira.
Pronto: a campainha tocou. A nossa «frança» acordou.
Aí vem já a criada com as «roupinhas de levantar» e a dona velha com umas frutas de conserva dentro de um prato da Índia: é o petit déjeuner.
Muffiéri, cabeleireiro das meninas da moda, acaba de entrar. Levam bem cinco minutos a fazer mesuras um ao outro. Depois a menina senta-se num tamborete doirado e ele procede solenemente à edificação de um inacreditável penteado, riçando, empoando, acumulando jóias, laços, ondeando, encanudando, encaracolando, criando uma atmosfera asfixiante de pós e perfumes.
Terminado o penteado, procede-se então à toilette para a missa.
Depois a menina desce, sempre amparada à moça, em pequeninos ais de cansaço, como era moda no tempo.
Quando o coche pára à porta da igreja, uma nuvem de mendigos rodeia-a.»

Júlio Dantas, 1917
(adaptado)

Imagem: XVIII-Vestuário (1)
Tipo Descrição
Vida Quotidiana Elegantes do século XVIII. O vestuário era muito requintado. Os homens usavam camisas com rendas e folhos. Por cima vestiam coletes e casacas, bordados a ouro e prata. Os sapatos tinham fivelas de prata. A cabeleira postiça era indispensável.
As mulheres usavam espartilho e uma armação de barbas de baleia para manter as saias em balão. Usavam luvas e chapéus. Cobriam o cabelo com cabeleiras postiças e usavam pó de arroz. Envernizavam os dentes da frente para brilharem e colocavam no rosto sinais artificiais de cetim.
 
Quotidiano: Século XVIII-Os Penteados - 1
Descrição
"Os toucados eram tão complicados com tranças, rolos, carrapitos, postiços, popas por entre as quais brilhavam «vespas» de diamantes: os cabeleireiros eram tão procurados - sobretudo os franceses -, que só na véspera da procissão se conseguia obter-lhes os serviços; por isso, muitas casquilhas, para não estragarem o engenhoso edifício, passavam a noite sentadas numa cadeira, acompanhadas de duas criadas prontas a ampará-las, se adormeciam ou cabeceavam. Para disfarçar a palidez da fadiga, o vermelhão e alguns sinais."

Suzanne Chantal, Vida Quotidiana em Portugal - século XVIII
(adaptado)

Vestuário no século XVIII

No século XVIII, os homens usavam calções ou calças, camisa enfeitada com rendas, os sapatos podiam ter fivela em ouro ou em prata e usavam chapéu de três bicos.
As mulheres usavam meias bordadas a fios de prata ou de ouro, os sapatos podiam ser de veludo ou de cetim, o saiote era comprido armado em balão sobre anquinhas de arame (eram uma espécie de saia até ao joelho em arame), os vestidos tinham grandes decotes, usavam toucas e colocavam sinais pretos no rosto e como adorno usavam leques de renda.

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