Método experimental e o progresso do conhecimento do Homem e da natureza
Um pequeno grupo de eruditos herdara do Renascimento uma mentalidade crítica e o desejo de aprender. As grandes viagens das Descobertas tinham inundado a Europa de descrições de terras e civilizações longínquas e dado a conhecer novas espécies de fauna e flora.
Este conjunto de novas ideias estimulou o interesse pelo mundo natural e pelas realizações humanas. Desenvolveu-se o gosto pela observação directa dos fenómenos. Interessados pelas mais diversas ciências, os ‘’filósofos experimentais’’, tornaram mais sistemáticas as observações iniciadas no Renascimento. Libertos do excessivo respeito pelos Antigos que constrangia ainda muitos dos seus contemporâneos, partilhavam entre si três ideias fundamentais:
- Primeiro, que só a observação directa conduz ao conhecimento da Natureza;
- Segundo, que esse conhecimento pode aumentar constantemente;
- Terceiro, que o progresso científico contribui para melhorar o destino da Humanidade.
Contam-se nomes grandes da ciência como Galileu, Kepler, Newton, Boyle, Harvey, etc.
Protagonizaram uma ‘’revolução científica’’ que não só transformou o que se pensava saber sobre o Homem e a Natureza como criou uma forma nova de atingir o conhecimento.
Os ‘’experimentalistas’’ procuraram desenvolver um método que os guiasse nas suas pesquisas, evitando o erro e conclusões apressadas. Bacon criou uma obra (Novum Organon), onde expôs as etapas do método experimental que considerou a única forma segura de atingir a verdade: observar factos precisos, formular hipóteses explicativas, provocar a repetição dos factos através de experiências, determinar a lei ou seja as relações que se estabelecem entre os factos.
Descartes procurou conceber uma forma de pensar, aplicável ao raciocínio em geral e não só às ciências. Procedeu-se à utilização progressiva da matemática como linguagem de expressão e fundamento das leis e de todos os fenómenos, dando sentido ao conceito ‘’ciências exactas’’.
William Harvey, faz descobertas sobre a circulação sanguínea.
Conclui que o coração e as suas contracções são a origem de uma corrente de sangue que flui pelo corpo num circuito contínuo, regressando sempre ao ponto de partida.
Esta descoberta foi fortemente contestada pelos seguidores de Galeno, que acreditavam que o sangue era absorvido pelos tecidos.
As investigações de Harvey e o advento da era experimental deram um impulso decisivo à ciência médica, que progrediu notavelmente. O lugar da Terra como centro de um universo limitado encontrava-se solidamente estabelecido.
Galileu pôs-se a observar os céus, durante meses.
E descobriu que:
• A Lua possuía montanhas e crateras e o Sol manchas;
• Vénus tinha fases, o que provocava o seu movimento;
• À volta de Júpiter rodavam quatro satélites semelhantes ao da Terra.
Descobriu que uma miríade de astros, impossíveis de observar a olho nu, prolongava o Universo muito para além da órbita das ‘’esferas fixas’’, até aí considerada o limite do Cosmos.
As conclusões de Galileu a favor do heliocentrismo provocaram uma onda de entusiasmo e uma onda de indignação. Elas foram reforçadas por Kepler. Galileu foi julgado e condenado pelo Santo Ofício.
As academias científicas tinham aumentado bastante e existiam já nas principais capitais da Europa.
As publicações de boletins periódicos tornaram-se corrente, permitindo a divulgação rápida e barata dos estudos desenvolvidos.
O gosto pela experimentação generalizou-se.
No fim do século XVIII, o público tinha-se apaixonado pela ciência.
O mundo natural separou-se, com nitidez, do sobrenatural e as razões de fé deixaram de ser aceites como explicações credíveis dos factos da Natureza.
A Filosofia das Luzes
Iluminismo – Critica à autoridade política e religiosa, pela afirmação da liberdade e pela confiança na Razão e no progresso da ciência, como meios de atingir a felicidade humana.
A crença no valor da Razão humana como motor de progresso rapidamente chegou ao campo científico para se aplicar à reflexão sobre o funcionamento das sociedades em geral.
Acreditava-se que o uso da Razão, livre de preconceitos e outros constrangimentos, conduziria ao aperfeiçoamento moral do Homem, das relações sociais e das formas de poder político, promovendo a igualdade e a justiça.
A Razão seria a luz que guiaria a Humanidade.
Esta metáfora evoca uma espécie de saída das trevas.
O espírito e a filosofia das Luzes são fundamentalmente burgueses: exprimem as aspirações de um grupo social que, apesar de controlar o grande comércio, de investir na banca, de criar novas formas de exploração agrícola e de promover a mecanização industrial, se via apartado da vida política dos Estados em benefício de uma nobreza ociosa, e incapaz.
Estabeleceu-se um princípio de igualdade que punha em causa a ordem estabelecida favorecendo a convicção de que, pelo simples facto de serem homens, todos os indivíduos possuem determinados direitos e deveres que lhes são conferidos pela Natureza.
John Locke, já tinha defendido direitos como: direito à liberdade, o direito a um julgamento justo, o direito à posse de bens, e o direito à liberdade de consciência; contudo, não foi ouvido, e só nesta altura, no Iluminismo, é que tais direitos foram postos em prática.
Ao proclamarem os direitos naturais do Homem, os pensadores iluministas combatiam a ‘’razão de Estado’’.
Contrapunham-lhe o valor próprio do individuo que, como ser humano, tinha o direito de ver respeitada a sua dignidade.
Decorrente deste direito natural, estabeleceu-se também uma moral natural e racional, independente dos preceitos religiosos.
Baseada na tolerância, na generosidade e no cumprimento dos deveres naturais, deveria orientar os homens na busca da felicidade terrena.
Defendiam a ideia de um contrato livremente assumido entre os governados e os governantes.
Por este contrato o povo conferia aos seus governantes a autoridade necessária ao bom funcionamento do corpo social.
Rousseau reforça a ideia de que a soberania popular se mantém, apesar da transferência de poder dos governados para os governantes. Isto, porque é através do contrato que os indivíduos asseguram a igualdade de direitos, submetendo-se, de forma igual, à vontade da maioria.
Caso a autoridade política se afaste dos seus fins, pode e deve ser legitimamente derrubada pelo povo. Montesquieu formulou a teoria da separação dos poderes advoga o desdobramento da autoridade do Estado em três poderes fundamentais: podes legislativo (mais importante), que faz as leis; poder executivo, encarregado de as fazer cumprir; e poder judicial, que julga os casos de desrespeito às leis.
Uma das áreas em que os atropelos à dignidade humana mais se faziam sentir era a do direito penal, que mantinha vivas as práticas medievais como a tortura.
Em 1764, um tratado polémico onde condena veementemente a tortura nos interrogatórios, os métodos da Inquisição e a forma bárbara como eram cumpridas as sentenças.
Estreitamente ligada ao respeito pelo próximo, a tolerância religiosa foi outra etapa atingida pelas Luzes. Reforçou a defesa da liberdade de consciência como um dos direitos inalienáveis do ser humano.
Portanto, ficou decidido que a igreja e o estado teriam as suas funções respectivamente, ou seja, à igreja apenas competia a função religiosa e ao estado a função politica.
A crença num ser supremo, ordenador do Universo, que, após a Criação, não mais se revelou ao Homem, fazendo sentir a sua presença unicamente na maravilhosa perfeição da Natureza.
Os deístas rejeitam as religiões organizadas nas quais vêem a obra dos homens e não a de Deus.
Todos se ergueram contra a intolerância, o fanatismo e a superstição. As propostas iluministas invadiram os salões aristocráticos, os clubes privados, os cafés mais populares.
Encontraram também eco nas academias, na imprensa periódica e nas lojas maçónicas.
O maior meio de difusão foi a Enciclopédia ou Dicionário Racional das Ciências, das Artes e dos Ofícios. Os artigos da Enciclopédia permitiram um contacto fácil e rápido com os avanços da ciência e da técnica e com o mundo das ideias do Iluminismo.
Um pequeno grupo de eruditos herdara do Renascimento uma mentalidade crítica e o desejo de aprender. As grandes viagens das Descobertas tinham inundado a Europa de descrições de terras e civilizações longínquas e dado a conhecer novas espécies de fauna e flora.
Este conjunto de novas ideias estimulou o interesse pelo mundo natural e pelas realizações humanas. Desenvolveu-se o gosto pela observação directa dos fenómenos. Interessados pelas mais diversas ciências, os ‘’filósofos experimentais’’, tornaram mais sistemáticas as observações iniciadas no Renascimento. Libertos do excessivo respeito pelos Antigos que constrangia ainda muitos dos seus contemporâneos, partilhavam entre si três ideias fundamentais:
- Primeiro, que só a observação directa conduz ao conhecimento da Natureza;
- Segundo, que esse conhecimento pode aumentar constantemente;
- Terceiro, que o progresso científico contribui para melhorar o destino da Humanidade.
Contam-se nomes grandes da ciência como Galileu, Kepler, Newton, Boyle, Harvey, etc.
Protagonizaram uma ‘’revolução científica’’ que não só transformou o que se pensava saber sobre o Homem e a Natureza como criou uma forma nova de atingir o conhecimento.
Os ‘’experimentalistas’’ procuraram desenvolver um método que os guiasse nas suas pesquisas, evitando o erro e conclusões apressadas. Bacon criou uma obra (Novum Organon), onde expôs as etapas do método experimental que considerou a única forma segura de atingir a verdade: observar factos precisos, formular hipóteses explicativas, provocar a repetição dos factos através de experiências, determinar a lei ou seja as relações que se estabelecem entre os factos.
Descartes procurou conceber uma forma de pensar, aplicável ao raciocínio em geral e não só às ciências. Procedeu-se à utilização progressiva da matemática como linguagem de expressão e fundamento das leis e de todos os fenómenos, dando sentido ao conceito ‘’ciências exactas’’.
William Harvey, faz descobertas sobre a circulação sanguínea.
Conclui que o coração e as suas contracções são a origem de uma corrente de sangue que flui pelo corpo num circuito contínuo, regressando sempre ao ponto de partida.
Esta descoberta foi fortemente contestada pelos seguidores de Galeno, que acreditavam que o sangue era absorvido pelos tecidos.
As investigações de Harvey e o advento da era experimental deram um impulso decisivo à ciência médica, que progrediu notavelmente. O lugar da Terra como centro de um universo limitado encontrava-se solidamente estabelecido.
Galileu pôs-se a observar os céus, durante meses.
E descobriu que:
• A Lua possuía montanhas e crateras e o Sol manchas;
• Vénus tinha fases, o que provocava o seu movimento;
• À volta de Júpiter rodavam quatro satélites semelhantes ao da Terra.
Descobriu que uma miríade de astros, impossíveis de observar a olho nu, prolongava o Universo muito para além da órbita das ‘’esferas fixas’’, até aí considerada o limite do Cosmos.
As conclusões de Galileu a favor do heliocentrismo provocaram uma onda de entusiasmo e uma onda de indignação. Elas foram reforçadas por Kepler. Galileu foi julgado e condenado pelo Santo Ofício.
As academias científicas tinham aumentado bastante e existiam já nas principais capitais da Europa.
As publicações de boletins periódicos tornaram-se corrente, permitindo a divulgação rápida e barata dos estudos desenvolvidos.
O gosto pela experimentação generalizou-se.
No fim do século XVIII, o público tinha-se apaixonado pela ciência.
O mundo natural separou-se, com nitidez, do sobrenatural e as razões de fé deixaram de ser aceites como explicações credíveis dos factos da Natureza.
A Filosofia das Luzes
Iluminismo – Critica à autoridade política e religiosa, pela afirmação da liberdade e pela confiança na Razão e no progresso da ciência, como meios de atingir a felicidade humana.
A crença no valor da Razão humana como motor de progresso rapidamente chegou ao campo científico para se aplicar à reflexão sobre o funcionamento das sociedades em geral.
Acreditava-se que o uso da Razão, livre de preconceitos e outros constrangimentos, conduziria ao aperfeiçoamento moral do Homem, das relações sociais e das formas de poder político, promovendo a igualdade e a justiça.
A Razão seria a luz que guiaria a Humanidade.
Esta metáfora evoca uma espécie de saída das trevas.
O espírito e a filosofia das Luzes são fundamentalmente burgueses: exprimem as aspirações de um grupo social que, apesar de controlar o grande comércio, de investir na banca, de criar novas formas de exploração agrícola e de promover a mecanização industrial, se via apartado da vida política dos Estados em benefício de uma nobreza ociosa, e incapaz.
Estabeleceu-se um princípio de igualdade que punha em causa a ordem estabelecida favorecendo a convicção de que, pelo simples facto de serem homens, todos os indivíduos possuem determinados direitos e deveres que lhes são conferidos pela Natureza.
John Locke, já tinha defendido direitos como: direito à liberdade, o direito a um julgamento justo, o direito à posse de bens, e o direito à liberdade de consciência; contudo, não foi ouvido, e só nesta altura, no Iluminismo, é que tais direitos foram postos em prática.
Ao proclamarem os direitos naturais do Homem, os pensadores iluministas combatiam a ‘’razão de Estado’’.
Contrapunham-lhe o valor próprio do individuo que, como ser humano, tinha o direito de ver respeitada a sua dignidade.
Decorrente deste direito natural, estabeleceu-se também uma moral natural e racional, independente dos preceitos religiosos.
Baseada na tolerância, na generosidade e no cumprimento dos deveres naturais, deveria orientar os homens na busca da felicidade terrena.
Defendiam a ideia de um contrato livremente assumido entre os governados e os governantes.
Por este contrato o povo conferia aos seus governantes a autoridade necessária ao bom funcionamento do corpo social.
Rousseau reforça a ideia de que a soberania popular se mantém, apesar da transferência de poder dos governados para os governantes. Isto, porque é através do contrato que os indivíduos asseguram a igualdade de direitos, submetendo-se, de forma igual, à vontade da maioria.
Caso a autoridade política se afaste dos seus fins, pode e deve ser legitimamente derrubada pelo povo. Montesquieu formulou a teoria da separação dos poderes advoga o desdobramento da autoridade do Estado em três poderes fundamentais: podes legislativo (mais importante), que faz as leis; poder executivo, encarregado de as fazer cumprir; e poder judicial, que julga os casos de desrespeito às leis.
Uma das áreas em que os atropelos à dignidade humana mais se faziam sentir era a do direito penal, que mantinha vivas as práticas medievais como a tortura.
Em 1764, um tratado polémico onde condena veementemente a tortura nos interrogatórios, os métodos da Inquisição e a forma bárbara como eram cumpridas as sentenças.
Estreitamente ligada ao respeito pelo próximo, a tolerância religiosa foi outra etapa atingida pelas Luzes. Reforçou a defesa da liberdade de consciência como um dos direitos inalienáveis do ser humano.
Portanto, ficou decidido que a igreja e o estado teriam as suas funções respectivamente, ou seja, à igreja apenas competia a função religiosa e ao estado a função politica.
A crença num ser supremo, ordenador do Universo, que, após a Criação, não mais se revelou ao Homem, fazendo sentir a sua presença unicamente na maravilhosa perfeição da Natureza.
Os deístas rejeitam as religiões organizadas nas quais vêem a obra dos homens e não a de Deus.
Todos se ergueram contra a intolerância, o fanatismo e a superstição. As propostas iluministas invadiram os salões aristocráticos, os clubes privados, os cafés mais populares.
Encontraram também eco nas academias, na imprensa periódica e nas lojas maçónicas.
O maior meio de difusão foi a Enciclopédia ou Dicionário Racional das Ciências, das Artes e dos Ofícios. Os artigos da Enciclopédia permitiram um contacto fácil e rápido com os avanços da ciência e da técnica e com o mundo das ideias do Iluminismo.