sexta-feira, 22 de junho de 2012

PROGRAMA: APRESENTAÇÃO


2. Apresentação do Programa
2.1. Finalidades
- Promover o desenvolvimento de competências que permitam a problematização de relações entre o passado e o presente e a interpretação crítica e fundamentada do mundo actual.
- Desenvolver a capacidade de reflexão, a sensibilidade e o juízo crítico, estimulando a produção e a fruição de bens culturais.
- Favorecer a autonomia pessoal e a clarificação de um sistema de valores, numa perspectiva humanista.
- Desenvolver a consciência da cidadania e da necessidade de intervenção crítica em diversos contextos e espaços.

2.2. Objectivos

- Desenvolver atitudes de curiosidade intelectual, de pesquisa e de problematização, face ao saber adquirido e a novas situações.
- Desenvolver a capacidade de autocrítica, de abertura à mudança, de compreensão pela pluralidade de opiniões e pela diversidade de modelos civilizacionais.
- Aprofundar a sensibilidade estética e a dimensão ética, clarificando opções pessoais.
- Desenvolver hábitos de participação em actividades de grupo, assumindo iniciativas e estimulando a intervenção de outros.
- Desenvolver a consciência dos problemas e valores nacionais, dos direitos e deveres democráticos e do respeito pelas minorias.
- Interpretar o conteúdo de fontes, utilizando técnicas e saberes adequados à respectiva tipologia.
- Aplicar instrumentos de análise das ciências sociais na construção do conhecimento histórico.
- Formular hipóteses explicativas de factos históricos.
- Utilizar correctamente o vocabulário específico da disciplina.
- Desenvolver hábitos de organização do trabalho intelectual, utilizando diversos recursos e metodologias.
- Sistematizar conhecimentos e apresentá-los, utilizando diversas técnicas.
- Identificar o conhecimento histórico como um estudo, cientificamente conduzido, do devir das sociedades no tempo e no espaço.
- Identificar os factores que condicionam a relatividade do conhecimento histórico.
- Interpretar o diálogo passado-presente como um processo indispensável à compreensão das diferentes épocas, civilizações e comunidades.
- Reconhecer a complementaridade das perspectivas diacrónica e sincrónica, na análise histórica.
- Reconhecer as interacções entre os diversos campos da história– económico, social, político, institucional, cultural e de mentalidades – entre os diversos níveis de integração espacial, do local ao mundial e do central ao periférico, bem como entre os indivíduos e os grupos.
- Compreender a dinâmica histórica como um processo de continuidades, mudanças e ritmos de desenvolvimento condicionados por uma multiplicidade de factores.

2.3. Competências

As Finalidades e Objectivos enunciados constituem linhas de orientação do processo de ensino e de aprendizagem, esperando-se que, no final do ciclo de estudos, os alunos evidenciem as seguintes competências:

- pesquisar, de forma autónoma mas planificada, em meios diversificados, informação relevante para assuntos em estudo, organizando-a segundo critérios de pertinência; - analisar fontes de natureza diversa, distinguindo informação, implícita e explícita, assim como os respectivos limites para o conhecimento do passado;
- analisar textos historiográficos, identificando a opinião do autor e tomando-a como uma interpretação susceptível de revisão em função dos avanços historiográficos;
- situar cronológica e espacialmente acontecimentos e processos relevantes, relacionando-os com os contextos em que ocorreram;
- identificar a multiplicidade de factores e a relevância da acção de indivíduos ou grupos, relativamente a fenómenos históricos circunscritos no tempo e no espaço;
- situar e caracterizar aspectos relevantes da história de Portugal, europeia e mundial;
- relacionar a história de Portugal com a história europeia e mundial, distinguindo articulações dinâmicas e analogias / especificidades, quer de natureza temática quer de âmbito cronológico, regional ou local;
- mobilizar conhecimentos de realidades históricas estudadas para fundamentar opiniões, relativas a problemas nacionais e do mundo contemporâneo, e para intervir de modo responsável no seu meio envolvente;
- elaborar e comunicar, com correcção linguística e de forma criativa, sínteses de assuntos estudados:
o estabelecendo os seus traços definidores;
o distinguindo situações de ruptura e de continuidade;
o utilizando, de forma adequada, terminologia específica.
- utilizar as tecnologias de informação e comunicação, manifestando sentido crítico na selecção adequada de contributos;.
- assumir responsabilidades em actividades individuais e de grupo;
- participar em dinâmicas de equipa, contribuindo para o estabelecimento de relações harmoniosas e profícuas;
- manifestar abertura à dimensão intercultural das sociedades contemporâneas;
- disponibilizar-se para ampliação e aprofundamento da sua formação.

2.4. Visão geral dos conteúdos/temas

O Programa do Curso de Ciências Sociais e Humanas, entendido como uma reformulação do homologado em 91, apresenta, quanto aos conteúdos, uma estrutura temática, sendo organizado numa perspectiva cronológica, embora não contínua.

A opção por esta estrutura decorre de duas ordens de razões. Por um lado, a natureza do trabalho que se pretende realizar ao nível do ensino secundário – análise mais exigente de fontes, ampliação de algumas áreas de conteúdo consideradas fundamentais para a compreensão do mundo actual, problematização de relações passado-presente ou de linhas explicativas – trabalho que não é compatível com uma grande extensão de conteúdos. Por outro, uma vez que os alunos adquiriram já, no ensino básico, uma visão genérica da evolução das sociedades e a factologia essencial, especialmente no que respeita à história de Portugal, parece lógico considerar, num entendimento de sequencialidade entre o ensino básico e o ensino secundário, que para este nível pode ser reservado um estudo mais aprofundado de alguns aspectos.

Visando a exequibilidade do programa, seleccionaram-se apenas três temas/módulos para cada ano. Estes, num âmbito cronológico que se estende da antiguidade clássica ao mundo contemporâneo, centram-se em momentos significativos da realidade histórica ou determinantes de mutações.

Por razões de pertença e de identidade cultural, destacaram-se as raízes clássicas e medievais da civilização europeia, e as grandes transformações que esta sofreu.

Pela função que o estudo da história do século XX pode ter na aquisição de instrumentos que reforcem uma cidadania interventiva, dedicou-se-lhe todo o 12º ano.

Pela importância que a construção da memória pode assumir, na problematização das relações entre o que somos e o que pretendemos construir, deu-se relevância à história de Portugal, entendida ora na sua singularidade ora como exemplo da evolução mais geral, estabelecendo-se a articulação com a história europeia e a mundial.

Em cada um dos domínios citados procurou-se focar a diversidade e as inter-relações entre os diversos planos - o político, o institucional, o económico, o social, o cultural e o das mentalidades.

Não foram individualizados conteúdos de história local, mas foram apontadas articulações possíveis no âmbito das situações de aprendizagem sugeridas, cuja concretização é deixada ao critério dos professores e das escolas.

O Programa prevê ainda que o estudo dos temas/módulos estabelecidos para o 10º ano seja antecedido de um módulo inicial – situação comum às restantes disciplinas do plano curricular do 10º ano -, no caso da História designado como módulo 0 . Para este módulo não são destacados conteúdos específicos, já que a função do mesmo é fornecer ao professor e aos alunos indicadores das aquisições efectuadas no ensino básico, permitir detectar eventuais desajustamentos e propor caminhos alternativos.

Ano Módulo
10º 0 ESTUDAR / APRENDER HISTÓRIA

Ano Módulo
10º 1. RAÍZES MEDITERRÂNICAS DA CIVILIZAÇÃO EUROPEIA – CIDADE, CIDADANIA E IMPÉRIO NA ANTIGUIDADE CLÁSSICA
2. O DINAMISMO CIVILIZACIONAL DA EUROPA OCIDENTAL NOS SÉCULOS XIII E XIV- ESPAÇOS PODERES E VIVÊNCIAS
3. A ABERTURA EUROPEIA AO MUNDO – MUTAÇÕES NOS CONHECIMENTOS, SENSIBILIDADES E VALORES NOS SÉCULOS XV E XVI
11º(A discutir)
4. A EUROPA NOS SÉCULOS XVII E XVIII – SOCIEDADE, PODER E DINÂMICAS COLONIAIS
5. O LIBERALISMO – IDEOLOGIA E REVOLUÇÃO, MODELOS E PRÁTICAS NOS SÉCULOS XVIII E XIX
6. A CIVILIZAÇÃO INDUSTRIAL - ECONOMIA E SOCIEDADE; NACIONALISMOS E CHOQUES IMPERIALISTAS
12º(A discutir)
7. CRISES E EMBATES IDEOLÓGICOS - DOS ANOS 20 AOS ANOS 60 DO SÉCULO XX
8. PORTUGAL E O MUNDO, DA DÉCADA DE 60 DO SÉCULO XX AOS NOSSOS DIAS – OPÇÕES INTERNAS E CONTEXTO INTERNACIONAL
9. O MULTIFACETADO SÉCULO XX – DAS VANGUARDAS AO PÓS-MODERNISMO; CIÊNCIA E ÉTICA; A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO.

2.5. Sugestões metodológicas gerais

Os princípios enunciados na Introdução e expressos nas Finalidades e Objectivos seleccionados requerem a opção por uma linha metodológica que enfatize o desenvolvimento de aprendizagens promotoras da autonomia pessoal e conducentes à construção progressiva de um quadro de referências orientador da intervenção crítica na vida colectiva.
Um tal processo, que visa desenvolver nos alunos a apropriação consciente de formas de pensar estruturadas e de modos de agir criativos, implica a concepção:

- da aula como um espaço aberto às dinâmicas individuais e de grupo, num equilíbrio entre iniciativas individuais e cooperação;
- do professor como um orientador atento, conciliando o cumprimento da programação com respostas pedagogicamente adequadas às necessidades dos alunos, procedendo à diversificação de estratégias e à necessária individualização do ensino.

Para que os alunos atinjam os objectivos propostos e venham a evidenciar as competências consideradas desejáveis, toda uma variedade de recursos e de actividades poderá ser mobilizada pelo professor, no sentido de:

- incentivar e orientar a pesquisa individual em suportes diversos, dentro e fora da sala de aula;
- estimular a organização e a recolha de dados recorrendo, nomeadamente, às novas tecnologias;
- promover contactos, devidamente programados, com a realidade envolvente;
- programar a realização de tarefas que estimulem capacidades de intervenção crítica e de fruição estética;
- proporcionar condições para a participação dos alunos em actividades que exijam tomadas de posição de carácter ético.

Em qualquer caso, porém, as actividades de carácter mais inovador ou mais complexo não poderão fazer esquecer as bases tradicionais da construção do conhecimento histórico:

- o comentário crítico de fontes de diferentes tipologias que propiciem uma recolha de dados diversificada;
- a elaboração e a análise de rigorosos quadros cronológicos que ajudem a estruturar a informação recolhida;
- a observação e elaboração de mapas de localização dos fenómenos em estudo que conduzam à formulação de hipóteses interpretativas sobre a afirmação e difusão dos mesmos.

O trabalho de crítica das fontes, além de evidenciar a forma como se constrói um conhecimento que não se esgota na aquisição de conteúdos, terá ainda a vantagem de proporcionar a transferência de competências para outros domínios. Com efeito, numa civilização onde os media são determinantes e a apresentação de realidades virtuais é já um facto, torna-se urgente a construção de sólidos processos de desmontagem da informação – construção a que a História pode dar resposta.

Na planificação das actividades haverá o cuidado de as integrar em contextos que acentuem a vertente de construção científica do conhecimento. Assim, convirá que a abordagem dos conteúdos se inicie pelo levantamento de problemas e que sejam promovidas condições para que os alunos consciencializem os caminhos percorridos.

Quer no levantamento inicial de problemas quer na elaboração de pequenas sínteses conclusivas, será indispensável chamar-se a atenção para o estabelecimento de relações passado-presente, tornando explícitas linhas de articulação entre os conhecimentos adquiridos e as vivências dos alunos. Acresce que, no conhecimento histórico que se pretende construído, é necessário atender à vertente narrativa da disciplina, conciliando-a com abordagens de carácter mais estrutural que, inevitavelmente, terão também de ser proporcionadas. Com efeito, as dificuldades que o estudo da disciplina coloca prendem-se, sobretudo, com a compreensão pelos alunos de conceitos referentes a realidades hoje já inexistentes ou com a apreensão da dimensão temporal dos períodos estudados. O recurso a nexos de natureza causal que patenteiem relações entre os diferentes períodos, ou entre o passado e o presente, a evidência das transformações operadas contribuirão, decerto, para uma compreensão por parte dos adolescentes de questões mais complexas.

No plano curricular agora aprovado a institucionalização de aulas de 90 minutos oferece a possibilidade de desenvolvimento, na própria sala de aula, de estratégias mais exigentes em tempo, nomeadamente de pesquisa individual e de trabalho em equipa. Em todos os módulos é apresentada, com carácter de sugestão, uma vasta gama de actividades, contextualizadas em situações de aprendizagem. No entanto, os professores poderão sempre optar por outras, mais consentâneas com exigências da escola ou dos alunos. Em qualquer caso, só uma planificação cuidada das actividades pode propiciar condições para a execução de reais «trabalhos práticos» e conduzir a uma efectiva apropriação, por todos os alunos, dos conteúdos em estudo. A programação dessas actividades exigirá, naturalmente, a constituição de equipas de professores da mesma escola, que assegurem a elaboração dos materiais que suportem de forma coerente e adequada as actividades a realizar pelos alunos. É um trabalho que virá por certo facilitar a articulação entre a disciplina e a Área de Projecto No trabalho visado é também indispensável que o professor se preocupe com a forma como os alunos estudam. Importará discutir formas de utilizar o manual e formas de ampliar e diversificar a informação nele contida. Será também importante suscitar a consulta de obras historiográficas acessíveis, sendo propiciada informação sobre a elaboração de fichas bibliográficas e fichas de leitura. Por outro lado, na pesquisa e organização de informação, deve existir cuidado em sensibilizar para o distanciamento necessário relativamente à apropriação do conhecimento produzido por outros e, no limite, para a propriedade do trabalho intelectual.
Os registos escritos de tipo diversificado produzidos pelos alunos, bem como a apresentação oral de actividades realizadas, devem ser, no ensino secundário, particularmente cuidados. Caberá ao professor, na perspectiva de transversalidade da língua portuguesa, consciencializar os alunos da necessidade de aperfeiçoarem a sua produção linguística.

2.6. Recursos

O cumprimento da linha metodológica proposta exige a mobilização da Escola, no sentido de serem facultados a alunos e professores os recursos essenciais.
Ao nível das salas de aula deverão ser criadas condições que permitam a utilização do retroprojector e do projector de diapositivos; as salas deverão ainda ter expositores de parede para apresentação de projectos em curso e de trabalhos já realizados.

Será também essencial que a escola mobilize os seus recursos globais – criação ou dinamização de um centro de recursos de fácil acesso que integre:

- biblioteca apetrechada com as obras de consulta geral indicadas no programa – atlas, dicionários, enciclopédias, histórias gerais – e com publicações periódicas, no âmbito da História e das Ciências Sociais;
- mediateca com recursos em suportes variados;
- área/s equipada/s com meios que permitam a recolha de informação (gravadores áudio e vídeo, máquina fotográfica), com meios informáticos (PC ligados em rede, com acesso à Internet) e de apresentação pública da informação recolhida e produzida (datashow).
Considera-se, ainda, de interesse que a Escola dinamize a formação de um centro de documentação de história local e regional .

2.7. Avaliação

Parte integrante da linha metodológica seleccionada, a avaliação será entendida como elemento regulador da aprendizagem. Assim, a planificação das práticas de avaliação não se reveste de um carácter autónomo; ela deve fazer parte do processo de gestão das aprendizagens, contribuindo para o fornecimento de informação relevante na perspectiva do professor e na do aluno.Com efeito, convém que o professor, no estabelecimento de objectivos para cada unidade de ensino, não os encare numa perspectiva formalista que atomize os objectivos em torno de cada conteúdo e se traduza numa opção redutora que perca de vista a orientação geral da aprendizagem; mas convém, igualmente, que se não centre apenas no desenvolvimento das estratégias /actividades já que estas são apenas um meio de suscitar a interiorização do conhecimento e dos modos de fazer. A avaliação é, pois, indispensável ao professor, para a obtenção de informação sobre a adequação dos actos de ensino às aquisições desejadas.
Por outro lado, importa que os alunos possam perspectivar os seus progressos, envolvendo-se na construção progressivamente mais consciente das aprendizagens; um tal processo só será viável se tiver sido suscitada nos alunos a representação dos fins a atingir e se lhe for sendo fornecida informação que possa utilizar para se corrigir.
Assim, tornados claros para os alunos, num processo de co-responsabilização, os objectivos a atingir, as tarefas a desenvolver (no âmbito de estratégias que considerem a necessária individualização do ensino ) e os critérios de execução esperados, o professor ajudará cada aluno a encontrar os domínios em que, eventualmente, seja necessário modificar o seu desempenho. Releva-se, pois, o carácter formador da avaliação, em que o diagnóstico tem uma função instrumental. Por isso, e a fim de serem detectados, a tempo, eventuais desajustes, foi criado, como se referiu, à entrada do 10º ano, um módulo inicial com função de diagnóstico e de reorientação. A avaliação interna deve assim garantir o acompanhamento da progressão do trabalho a realizar em cada módulo, revestindo formas adequadas aos objectivos cuja consecução se pretende testar e sendo sensível aos processos e não apenas aos produtos. O que implica que, para além de testes escritos, sejam aplicadas listas de verificação, fichas de observação e outros instrumentos sensíveis à especificidade do desempenho das tarefas, tendo-se consciência de que, em alguns domínios, só no médio prazo serão evidentes os resultados.
A perspectiva formadora da avaliação a que se deu relevo não se pretende porém incompatível com um controlo de características sumativas – interno e externo: professor e alunos sabem que a escola é um colectivo e que, tendo embora cada um direito a ser avaliado na sua individualidade, de modo a poder progredir, todos necessitam de ser confrontados com as exigências sociais, necessidade de que a escola não pode alhear-se.
No curso de Ciências Sociais e Humanas o sistema prevê, no âmbito da avaliação sumativa externa, um exame final, no 12ª ano. A prossecução dos objectivos da disciplina, sistematicamente, visados ao longo dos três anos do Curso, propiciará aos alunos os instrumentos indispensáveis ao êxito nessa testagem final. De modo a auxiliar o professor a estabelecer as linhas de orientação relativamente às metas de avaliação externa, o Programa assinala os conteúdos de aprofundamento, os conceitos e as aprendizagens consideradas estruturantes.

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