Heckscher estudou o mercantilismo nas suas diversas manifestações: como sistema de unificação e de poder, como sistema proteccionista, como sistema monetário e como concepção particular da sociedade. Passemos a examiná-las sucintamente.
Foi, em primeiro lugar, um sistema de unificação, que encarou a economia à escala nacional. Os monopólios estatais e as sociedades por acções constituem as suas duas principais realizações neste aspecto.
Foi também um sistema de poder, que procurou o engrandecimento do Estado, suprema finalidade da economia e da política. A tese mercantilista era a seguinte: um Estado será forte quando for economicamente poderoso. Mas, ao encararem as riquezas como algo estático, como algo que existe no mundo e que devia acumular-se no maior grau possível, tiveram uma atitude particular a respeito das riquezas, embora, como se disse, esta primitiva concepção acabasse por ser ultrapassada.
A realização dos princípios enunciados requeria naturalmente a aplicação dum único impulso. O dirigismo mercantilista afectou o comércio, considerando como fonte essencial de riqueza, o consumo, especialmente os artigos de primeira necessidade como os cereais, e a produção, a fim de manter a balança comercial activa. [Os actos] de navegação ingleses, as licenças a que se submete o comércio de matérias-primas e as tarifas aduaneiras protectoras são outras tantas expressões desta política dirigida do mercantilismo.
O seu aspecto como sistema monetário é mais conhecido, conforme já precisamos. A balança comercial favorável preconizada pelo mercantilismo tendia para um aumento de stock de metais preciosos, supremo ideal da política estatal. É certo que durante o século XVII aparecem alguns doutrinadores que esboçam uma teoria quantitativa da moeda: mas trata-se de apreciações imperfeitas que insistem mais no volume do stock monetário do que na velocidade de circulação.
Finamente, o mercantilismo baseava-se numa nova concepção da sociedade e da economia. Para os mercantilistas a economia nada tinha que ver com a moral, mas antes com o interesse ou com a força. A razão de Estado justificava os meios e daí a série de providências adoptadas nas colónias ou nas próprias metrópoles, que hoje nos repugnam pela sua falta de ética. O mesmo acontece com o mundo natural, em que actuam as leis económicas que deviam procurar-se e dirigir-se, em proveito próprio, com um espírito racional e científico.
VÁSQUEZ DE PRADA, Valentín, História Económica Mundial,
Livraria Civilização
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