quarta-feira, 16 de abril de 2014

A REVOLUÇÃO FRANCESA

A Revolução Francesa
A frança nas vésperas da Revolução
Uma sociedade anacrónica (ultrapassada)
Os franceses viviam num regime social profundamente injusto e de desigualitário.
A velha sociedade de ordens do Antigo Regime privilegiava a nobreza e o clero, apenas uma pequena porção da população.
 Na mão dos nobres encontravam-se as rendas provenientes da posse de um quarto do solo francês, a quase totalidade dos cargos ministeriais e diplomáticos, assim como os lugares de maior importância no exército e da hierarquia religiosa.
Ao Clero pertencia 10% das terras mais ricas, das quais recolhiam rendas e direitos de origem feudal. Recebiam, também, a dízima eclesiástica, obrigatória a todos e não pagavam impostos, assim como a nobreza.
No Terceiro Estado, os camponeses representavam 80% da população.
Suportavam pesadas cargas tributárias. O contínuo empobrecimento tornava-os uma grande força de oposição.
 O povo miúdo das cidades procurava emprego nas manufaturas, nos portos, nos serviços domésticos. Eram vítimas de reduzidos salários e eram seduzidos pelas críticas aos ricos e privilegiados que liam nos imensos opúsculos e panfletos que circulavam pelas ruas.
Bem mais desafogados viviam os proprietários das manufaturas, os grandes mercadores e os homens de negócios, que aplicavam as suas fortunas na compra de imoveis citadinos e bens fundiários.
Esta burguesia endinheirada constituía a elite do Terceiro Estado.
Entre o povo miúdo e os grandes burgueses, encontravam-se os mestres de ofícios e lojistas, os advogados, os médicos, os intelectuais.
 Que estariam incluídos na pequena e média burguesias.
Todos os estratos burgueses sentiam os mesmos ódios e frustrações.
Nas lojas maçónicas, nos salões e nos cafés invocavam os direitos humanos da liberdade e igualdade e criticavam os privilégios que o nascimento proporcionava aos nobres.
Mais trabalhadores e instruídos, os burgueses viam fugir os altos cargos na administração pública, restando-lhes no exército os lugares de oficial subalterno (que está sob as ordens de outros).
As ambições políticas levaram-nos à contestação e à destruição de Antigo Regime.
A Conjuntura Económico-Financeira
 Em 1789, França era um país próspero, os seus burgueses faziam fortunas com o comércio colonial.
Paris era uma grande metrópole e o luxo de Versalhes servia de paradigma a outros países.
No entanto, uma profunda crise económica aproximava-se.
Os proprietários agrícolas debatiam-se com a baixa de preços e de lucros do trigo e do vinho.
Violentas tempestades fizeram perder as colheitas de várias regiões e fez subir os preços.
Instalou-se uma crise de subsistência que levou ao aumento da percentagem de mortes. A indústria não se encontrava em melhores condições, devido ao Tratado de livre-câmbio que favorecia a importação dos tecidos ingleses. Instalou-se o desemprego. À crise junta-se o défice crónico das finanças.
As receitas não eram suficientes para cobrir as despesas do Estado. Estas relacionavam-se com o exército, constantemente envolvido em guerras, com as obras públicas e a instrução, os gastos impopulares da corte, com as pensões e os próprios encargos da dívida pública, causada pelos sucessivos empréstimos. A origem do défice foi a injusta sociedade de ordens, que isentava o clero e a nobreza de contribuições, privando os cofres reais de ampliarem as suas receitas.
 A Inoperância de Poder Político e o Agravamento das Tensões Sociais
Durante o reinado de Luís XVI ocorreram várias tentativas de resolução da crise económico-financeira.
O ministro Turgot liberalizou o comércio dos cereais e propôs que a corveia real fosse substituída por uma subvenção territorial que abrangeria todos os proprietários.
Os privilegiados alarmaram-se e Luís XVI despediu o ministro.
Assim como outros, que procuravam reformar a administração local e o sistema fiscal, abolindo privilégios tributários e nivelando os impostos.
Os Parlamentos e a Assembleia dos Notáveis, controlados por representantes da nobreza constituíram uma permanente oposição às tentativas de reformas políticas.
Fizeram crer que a miséria do povo se fazia dever, não às isenções fiscais dos privilegiados mas à incompetência do absolutismo régio.
Contribuíram, por isso, para o clima de violência, pilhagens e motins vividos, quando a fome e o desemprego cresceram.
 Incapaz de controlar a agitação social, Luís XVI convoca os Estados Gerais para maio de 1789 e convidou os franceses a exprimirem as suas reclamações e seus anseios.
 São elaborados os Cadernos de Queixas que informam dos antagonismos e tensões vividos na sociedade francesa.
De uma monarquia controlada por uma constituição e assembleias pretendia-se a salvaguarda da liberdade individual e da justiça social.
Os franceses esperavam do rei o remédio para as suas infelicidades.
Da Nação Soberana ao Triunfo da Revolução Burguesa
A Nação Soberana Dos Estados Gerais à Assembleia Constituinte 
A abertura dos Estados Gerais realizou-se em Versalhes, na maior das expectativas.
Não só porque o absolutismo francês abandonara a consulta daquela assembleia mas porque o Terceiro Estado reivindicava o voto por cabeça e não por ordem.
Contudo, as expectativas do Terceiro Estado não se realizaram. O Clero e a nobreza mostraram-se intransigente na defesa do voto por ordem que, certamente, os favorecia.
Foi a incapacidade de decidir de Luís XVI que fez eclodir o primeiro ato revolucionário.
Os deputados do Terceiro Estado decidiram forma a Assembleia Nacional, constituída por eles. A que caberia, no futuro, decidir todas as ações que monarca deveria executar.
Em consequência, a Nação Soberana tornou-se a fonte do poder legislativo e a nova autoridade política.
A monarquia absoluta chegara ao fim.
Dias depois, os deputados juraram não se separar enquanto na redigirem uma Constituição para França, a nova assembleia recebeu o nome de Assembleia Nacional Constituinte.
 A Desagregação da Ordem Social do Antigo Regime
A Tomada da Bastilha
A Tomada da Bastilha, sucedida a 14 de julho de 1789, foi considerada o acontecimento emblemático da Revolução Francesa.
Tratou-se de uma ação violenta do povo parisiense, revoltado comas altas dos preços do pão e indignados com a desconfiança do rei face à Assembleia.
No início de julho, Luís XVI colocou às portas de Paris 50 mil homens.
Receosa de uma “conjuntura aristocrática”, a burguesia formou uma milícia, que veio a ser a Guarda Nacional.
A Bastilha era a fortaleza-prisão do absolutismo, nada deteve a multidão que la de dirigiu.
A Bastilha foi demolida e o governador massacrado.
A Abolição dos Direitos Feudais Em finais de julho inícios de agosto, ocorreu uma autêntica revolução camponesa em França.
Pressionados pela fome, devido às más colheitas dos últimos anos, os camponeses lutavam pela emancipação completa de terras e a libertação individual das cargas feudais.
Atacaram castelos, queimaram registos senhoriais e até mataram senhores que lhes fizessem frente. Conhecido por Grande Medo, este movimento impulsivo e irracional, levou os nobres a consentirem a supressão dos direitos e privilégios feudais.
Mais tarde, a Assembleia determinou:
• A abolição das corveias e servidões pessoais
• A supressão da dízima à Igreja
• A possibilidade de resgatar rendas e foros
• A eliminação de jurisdições
 • A supressão da compra de cargos públicos
• E a livre admissão aos empregos públicos civis e militares
 Existia agora uma sociedade livre, baseada na igualdade de todos perante a lei.
A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão
 Os deputados da Assembleia Nacional Constituinte entenderam que era necessário elaborar uma Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que legitimasse as conquistas obtidas em relação ao rei e aos privilegiados e fundamenta-se a nova constituição.
Considerada a certidão de óbito do Antigo Regime, a declaração lançou as bases da nova sociedade social e política.
Proclamou que todos têm iguais direitos, o direito à liberdade, à propriedade, segurança e à resistência à opressão, e condenou os privilégios da sociedade de ordens.
Reconheceu que a autoridade dos governos residia na Nação e que a sua finalidade era salvaguardar os direitos do Homem.
 Rejeitou o absolutismo, a arbitrariedade jurídica e a intolerância religiosa.
A Declaração francesa foi o primeiro texto público do liberalismo político a encarar o Homem como um cidadão competente para intervir na governação.
A Constituição Civil do Clero O Clero perdeu todos os seus privilégios, sofreu a abolição dos direitos feudais e confisco dos seus bens.
Desprovido de rendimentos, o Clero foi, então, reorganizado.
A Constituição Civil do Clero, votada pela Assembleia em 1790, atribuiu aos membros do Clero a mera qualidade de funcionários do Estado.
E exigia-lhes um juramento de fidelidade à Nação e ao rei.
Foi um dos diplomas mais controversos da Revolução.
Mereceu a condenação do Papa e dividiu os franceses. A Reorganização Administrativa e Económica
 Coube à Assembleia Nacional Constituinte instituir uma nova organização administrativa, mais descentralizada.
As antigas províncias deram lugar a 83 departamentos, cantões e comunas.
Órgãos eleitos e funcionários pagados pelo Estado encarregavam-se de aplicar as leis, superintender no ensino, na salubridade, nas obras públicas, no policiamento, na cobrança de impostos e no exercício da justiça.
Estabelece-se uma nova fiscalidade, onde todos os grupos sociais ficaram sujeitos ao imposto direto sobre receitas e rendimentos.
Quanto à organização económica, empreendeu-se a unificação do mercado interno, eliminando as alfândegas internas e os monopólios.
Um uniforme sistema de pesos e medidas que facilitasse nas trocas.
Na agricultura, estabeleceu-se a liberdade de cultivo e de emparcelamento, no entanto, salvaguardaram-se os baldios, no interesse de camponeses mais pobres.
Na indústria, as medidas foram mais radicais, aboliram-se as corporações e declarou-se a liberdade de empresa.
Em suma, institui-se o princípio da liberdade económica.
 A Constituição de 1791 (Monarquia Constitucional)
Em 1791, França era uma monarquia constitucional.
Votada pela Assembleia Nacional e jurada pelo rei, a Constituição de 1791 consagrou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, a soberania nacional e a separação dos poderes.
 Na Nação residia a soberania, declarada una e indivisível, era constituída por todos os cidadãos.
No entanto ainda se distinguiam, por critérios de fortuna, os cidadãos ativos dos passivos.
Para se ser cidadão ativo exigia-se o pagamento de uma imposto direto igual ou superior à três dias de trabalho, idade equivalente ou superior à 25 anos e exclusivamente homens.
Por considerar que só o desafogo económico permitia a instrução e o esclarecimento necessários para o correto exercício do voto, a Assembleia instituiu o sufrágio censitário.
Cabia a este a escolha dos verdadeiros eleitores, que pagavam um imposto igual ou superior a sete dias de trabalho e a estes cabia a eleição dos 745 deputados da Assembleia Legislativa.
 Os cidadãos passivos eram excluídos do sufrágio censitário e de direitos políticos.
Nestes se encontravam o povo miúdo das cidades e do campo, os criados e indigentes.
Eram indivíduos do sexo masculino, idade igual ou superior à 25 anos, sem condições económicas para pagarem um imposto igual a três dias de trabalho.
A lei reconhecia-lhes direitos naturais (liberdade, igualdade, propriedade, segurança) e direitos civis (liberdade de expressão, de crença, reunião e deslocação).
As mulheres estavam totalmente afastadas da cidadania.
Mas nem por isso deixaram de participar na Revolução, estavam presentes nas manifestações de rua, nos motins provocados pela fome, a inspirar animo aos soldados e nas invasões da Assembleia.
 À Assembleia Legislativa competia o poder legislativo, os seus deputados eram eleitos por dois anos e propunham e decretavam as leis, o orçamento e os impostos.
No entanto, o rei possuía um direito de veto que lhe permitia suspender as leis durante dois anos, mas jamais poderia dissolver a Assembleia.
Foi a propósito do tipo de veto (absoluto um suspensivo) a conceder ao rei que surgiram os conceitos políticos da esquerda e da direita.
Como forma de contar mais facilmente os votos dos deputados, sentavam-se à direita do Presidente da Assembleia os aristocratas, partidários do veto absoluto e à esquerda ficaram os patriotas adeptos da limitação do poder real.
A direita ficou sinonimo de conservadorismo e a esquerda de mudança.
O rei detinha o poder executivo, escolhia e demitia os ministros, mas as decisões necessitavam de ser aprovadas por, pelo menos, um deles.
Embora comandasse o exército e a marinha, as declarações de guerra e tratados de paz estavam dependentes da concordância da Assembleia Legislativa. Submetido à constituição, o monarca deixa de ser senhor de um poder arbitrário que se coloca acima da lei.
É agora apenas o primeiro funcionário do Estado.
Quanto ao poder judicial, ficou entregue a juízes eleitos e independentes.
Criou-se o Tribunal Superior para julgar os delitos de ministros, deputados e governantes. Luís XVI e a Revolução
 Nascido para ser rei absoluto, Luís XVI nunca esteve de acordo com a Revolução.
Nos Estados Gerais, criou entraves às reivindicações do Terceiro Estado e manteve uma atitude de desconfiança com a Assembleia Nacional Constituinte.
Foi necessário um levantamento de mulheres para o fazer abandonar Versalhes e instalar-se nas Tulherias.
 E apos várias recusas finalmente validou a Declaração dos Direitos de homem e do Cidadão e a Constituição Civil do Clero.
A hostilidade dos parisienses contribuiu para a sua tentativa de fuga em julho de 1791.
Foi detido em Varennes e trazido de volta para Versalhes, este não teve mais condições para governar. Entretanto, os emigrados nobres, que abandonaram o país conspiravam junto dos soberanos estrangeiros contra o novo regime francês.
Em 1791, o rei da Prússia e o eleitor da Saxónia redigem a declaração de Pillnitz, em que a invasão de França é prevista com o objetivo de restaurar os poderes de Luís XVI.
O início da guerra, em 20de abril de 1891, ocorreu num ambiente de elevada tensão.
Abatida pela fome e pela subida de preços e descrente de um regime que os privava do voto, o povo de Paris agitava-se pelas ruas e pressionava a Assembleia.
Quando a notícia da invasão de França chegou e a Nação foi declarada em perigo, formaram-se exércitos de federados em Paris.
Uma Comuna insurrecional instalou-se na Câmara e executou-se o assalto ao palácio real das Tulherias, o rei foi suspenso pela Assembleia Legislativa.
A Constituição de 1791 deixou de funcionar e a monarquia constitucional viu-se inviabilizada, na falta do poder político.
Coube à Convenção, a nova Assembleia Constituinte, proclamar a Republica.
 A Obra da Convenção Girondinos e Montanheses
Em 1792 começou o Ano I da Republica.
 Apesar de republicanos e burgueses, todos com fortes ligações ao Clube de Jacobinos, distinguia-se entre eles um grupo mais moderado, os Girondinos, alguns dos seus representantes foram Brissot e Roland.
E um grupo mais radical, os Montanheses, representados por Robespierre e Danton.
O diferendo entre estes dois atingiu o seu auge durante o julgamento de Luís XVI.
Considerando-o um traidor, os Montanheses pediram a pena de morte.
 Já os Girondinos desejavam um julgamento mais compreensivo, bastava-lhes a prisão ou, mesmo, o exilio. Apos o veredicto, Luís XVI foi executado e a monarquia chegara ao fim.
A Obra da Convenção
Girondinos (Moderados) e Montanheses (Radicais)
           
            A 22 de Setembro de 1792, por ordem da Convenção, começou o Ano I da República.
            Apesar de tudo, estes tempos não foram fáceis para a Convenção. Os seus deputados tinham ideias muito diferentes ou até mesmo contrárias. Eram todos burgueses e republicanos e tenham ligações com o Clube dos Jacobinos (um clube de “amigos” que se reunia para discutir ideias politicas), porém, entre estes homens, podia-se ver uma clara distinção, uns eram moderados, defendiam a propriedade e a liberdade do comércio, e outros mais radicais, adeptos da repartição mais justa da propriedade e, se fosse necessário, o uso da violência para defender os interesses pessoais.
            Portanto, a facção mais moderada ficou conhecida por Girondinos; a facção mais radical ficou conhecida por Montanheses.
            A maior diferença entre estas duas facções atingiu o seu clímax quando foi o julgamento de Luís XVI, onde os Montanheses (radicais) exigiam a pena de morte e, do outro lado, os Girondinos (moderados) que apoiavam o julgamento do rei, para eles, a prisão ou o exilio bastava para o castigar, porém, a facção radical, os Montanheses, ganharam, Luís XVI foi executado.
           
A pressão dos Sans-Culottes

                Desde a transformação dos Estados Gerais em Assembleia Nacional Constituinte, até à suspensão do rei, a burguesia dominou a revolução Francesa de forma a conformar os seus interesses e desejos. Porém, depois da suspensão do rei surgiu uma nova força social – os Sans-Culottes.
            Estas pessoas faziam parte dos cidadãos passivos, aqueles que não tinham posses suficientes para pagar o tal imposto que dava direito a votar e por isso, estes queriam igualdade politica e igualdade económica.
            A pressão feita pelos Sans-Culottes foi tanta que acabou por afastar os Girondinos (Moderados) do poder. Agora, a Convenção era dominada pelos Montanheses (radicais) que decidiram votar, em 1793, uma nova constituição que ficou conhecida por Constituição do Ano I. Esta é mais democrática, instaurou um tipo de sufrágio universal directo, reservado apenas aos homens e incluía uma nova Declaração dos Direitos, onde garantia a todos o direito de trabalhar, à assistência, à instrução e à insurreição. Porém, a Constituição nunca entrou em vigor por vontade dos Montanheses (radicais) devido a uma terrível conjuntura interna e externa que passava por França.
            A Revolução, as fronteiras a ceder ao inimigo, e a agitação dos Sans-Culottes, levou a que a Convenção se torna-se ainda mais radical, decretou um governo revolucionário.

O governo revolucionário e o Terror
           
O governo revolucionário interessou-se pelo Estado Laico (Estado que se liberta da influência religiosa. Retira às igrejas todo o poder sobre o ensino, à assistência e a legislação civil, e republicano acima dos interesses privados. Pôs em causa a liberdade individual devido à igualdade social, da independência da Nação e da salvação da república.
            A Convenção acabou por ceder à pressão dos Sans-Culottes. Segundo a Lei do Máximo, foram afixados os salários e os preços. O espirito de igualdade dos Sans-Culottes finalmente fora aceite: os bens foram nacionalizados dos emigrados e vendidos; foi decretado a partilha dos bens comunais; foi abolido qualquer direito feudal. A instrução também mereceu alguma atenção, nomeadamente o facto de se tornar obrigatória e gratuita.
            Os decretos de Ventoso legislaram sobre a partilha dos bens dos suspeitos indigentes; sobre assistência médica, abonos de família, pensões de invalidez e velhice.   
            A defesa dos direitos humanos, especialmente o direito de igualdade e de liberdade, assumiu alguma importância na obra da Convenção. No início de 1794, a escravatura acabou nas colónias.
           
           

            Foi posta em prática também uma política de descristianização.
·         Os padres foram perseguidos; igrejas foram fechadas;
·         Novo calendário onde acabaram os domingos e os feriados religiosos;
·         Fizeram-se máscaras anti-religiosas;
·         Começaram a ser venerados os heróis da revolução em vez do rei ou figuras santas;
·         O casamento passou a ser um mero acto civil que o divórcio podia dissolver.  

            Quanto às medidas judiciárias:
·         Legalizaram a violência;
·         Surgiu a Lei dos Suspeitos que levou a que muitas pessoas fossem presas inocentemente.

            Apesar da Convenção salvaguardar os direitos humanos e tudo mais, esta foi bastante ditatorial e repressiva.

O fim do governo revolucionário e da república jacobina

            O radicalismo jacobino teve fim. Robespierre mandou executar todos os que o criticassem.
            Uma revolta da convenção afastou Robespierre do poder, considerando até fora de lei, executou-o.
            Chegava assim a pior, a mais radical e mais violenta parte da revolução francesa, ajudando assim a aliança entre os jacobinos e os Sans-Culottes.


O triunfo da Revolução Burguesa
O Directório e o regresso à paz civil

            A convenção a 22 de Agosto de 1795, aprovou uma nova constituição. A Constituição do Ano III, destinada a estabelecer a ordem e a concordância entre os burgueses. Foi então que surgiu uma nova parte da Revolução Francesa: o Directório.
            A Constituição abria com a Declaração dos Direitos e dos Deveres que possuía uma nova concepção de igualdade (que a lei era igual para todos), defende a propriedade e a liberdade económica. O sufrágio censitário indirecto foi reestabelecido. Embora os cidadãos activos não fossem tão numerosos como em 1971 e os eleitores eram muito poucos. Deveria ter 25 anos no mínimo, e tinham de ser proprietários ou possuidores de um rendimento igual ou superior a 200 dias de trabalho.
            O poder legislativo ficou entregue a duas assembleias, o Conselho dos Quinhentos que propunha as leis, e o concelho dos Anciãos que as votava. Não podiam funcionar separadamente nem podiam demitir os cinco directores a quem pertencia o poder executivo.
            Havia tantas limitações de poderes porque existia sempre um receio de que se voltasse à ditadura. Depois do Terror jacobino, o directório propôs fazer reinar para que a paz civil fosse reestabelecida.
            Porém, entre 1795 a 1799 (anos em que o Directório vigorou) os tempos foram instáveis. A guerra da França contra a Europa não tinha fim; a crise financeira agravava-se e os contrastes sociais eram cada vez mais acentuados.
            Napoleão Bonaparte foi quem fez o último golpe ao Directório (que foi quando teve fim) a 1799, Napoleão ficou conhecido como o salvador da República.

Do Consulado ao Império – a nova ordem institucional e jurídica (1799-1804)

            Após o golpe, o poder executivo foi entregue a uma comissão consular que pertencia ao general Napoleão Bonaparte.
            A nova Constituição do Ano VIII, aprovada em 1799, concentrou o poder em Napoleão. O general tinha direito de exercer o seu poder durante 10 anos enquanto primeiro-cônsul, e era a ele que competia a iniciativa das leis e a nomeação de juízes.
            A obra do Consulado pretendia estabilizar a Revolução e consolidar as conquistas burguesas, esta demonstrou uma centralização administrativa e judicial, e uma recuperação financeira e reconciliação nacional.
            À semelhança dos juízes a administração local coube a funcionários do estado (os prefeitos e subprefeitos.
            O sistema fiscal pôde beneficiar de contribuições directas. Criou-se em 1800 o Banco de França; uma nova moeda (o franco).
            Acabaram as perseguições a toda a gente desde que estas estivessem dispostas a colaborar e aceitar as ideias de napoleão.
            Acabaram-se os conflitos com a Santa Sé. Pela Concordata de 1801, ficou garantido que qualquer um podia exercer o catolicismo livremente, sendo a religião com mais adeptos franceses. O clero agora, passaria a ser um mero funcionário do estado, era pago inclusivamente.
            Em 1802 foram criados liceus para acolher os filhos dos burgueses e os alunos bolseiros.
            Com a publicação do código civil em 1804, a lei tornou-se igual para todos, declarou o estado civil laico, a liberdade de crenças, a inviolabilidade da propriedade, a autoridade masculina na família. O código civil unificou as leis de França.
            A duração do Consulado não foi nada mais do que uma oportunidade que surgiu a Napoleão Bonaparte para que este pudesse afirmar o seu poder pessoal e autoritário. Bonaparte fez tudo o que estava a seu alcance para que na Constituição do Ano X, viesse garantido que ele fosse cônsul-vitalício, ou seja, que este deveria permanecer no poder até morrer.

A europa e a Revolução Francesa

            Em 1792, França iniciou a sua guerra com o resto da europa, não só para defender a sua revolução mas também porque acharam que o mundo deveria ser liberto dos ideais absolutistas.
            Porém, esta guerra de libertação rapidamente se tornou numa guerra de conquista devido à política expansionista da Convenção e do Directório.
            Nas guerras do Directório, Napoleão destacou-se. No fim de 1811, a França já tinha conseguido dominar um vasto império europeu, onde esta afirmava ser a libertadora da opressão absolutista. Porém, o vasto império de Napoleão não via o seu país como um país libertador, até pelo contrário.

As “revoluções em cadeia” da era pós-napoleónica
        
         De 1812 a 1815, Bonaparte acumulou bastantes derrotas. Na batalha de Waterloo foi forçado a abdicar do seu poder imperial.
            Chegou então, o momento de reconstruir fronteiras e uma nova ordem politica. Para isto, deu-se o Congresso de Viena (1814-1815), que tinha o objectivo de apagar qualquer marca deixada pela Revolução Francesa e impedir qualquer acto de revolta (para isto ser evitado foram criados estados-tampão em algumas áreas).
            Porém, dentro de certos países, existiram separações, ou seja, regiões com o mesmo idioma, moeda, tradição, história, etc., foram separadas e juntaram-se a outras regiões com idioma e etc. diferentes, e por isto, o princípio das nacionalidades foi desrespeitado. Este principio afirma que a cada povo corresponde uma Nação e a cada Nação um Estado, e defende que a cada país corresponde uma unidade e a independência da Nação que esta ligada pela língua, história e tradições em comum.
            Entre 1820 a 1824, rebentaram revoluções liberais em Espanha, Nápoles, Portugal e Grécia. As revoluções ibéricas estiveram na origem da libertação das suas colónias americanas. Em 1822, já praticamente toda a América espanhola tinha posto de parte a metrópole e pouco depois o Brasil tornara-se independente.
            Entre 1829 a 1839, uma revolução popular e burguesa depôs o rei Carlos X, absolutista e fez de Luís Filipe, o novo rei. A Bélgica tornou-se independente da Holanda; a Polónia revoltou-se contra a Rússia; houve uma agitação também na Itália e Alemanha; a Península Ibérica viu-se com guerras civis entre liberais e absolutistas. 

            Em 1848, devido à depressão agrícola e industrial a europa explode mais uma vez. Em frança, os republicanos chegam ao poder devido à Revolução de Fevereiro e, no império Austro-húngaro, na Alemanha e na Itália, as revoltas liberais e nacionalistas vão acontecendo.  

Sem comentários:

Enviar um comentário