sábado, 1 de setembro de 2012

POSITIVISMO

Sistema filosófico estabelecido por Auguste Comte na França do século XIX e exposto em livros como o Curso de Filosofia Positiva ou o Curso de política positiva. 
Tem como ponto de base fundamental a ideia de que a filosofia deve ser concreta e não abstrata, quer dizer, deve tratar de factos. 
Segundo a doutrina proposta por este autor os conhecimentos científicos passaram ao longo da história por três fases ou estados, do mesmo modo que acontece com os indivíduos particulares; é a chamada "lei dos três estados". 
O primeiro é o "estado teológico" ou fictício, é uma base provisória na qual o ser humano atribui as causas dos fenómenos, num primeiro momento, a poderes mágicos (o "fetichismo"), num segundo momento a deuses (o "politeísmo") e, finalmente, num terceiro momento, a Deus (o "monoteísmo"). 
O estado teológico corresponde à infância do ser humano. Segue-se o "estado metafísico" ou abstrato, no qual o homem continua a procurar as causas do mundo material, atribuindo-as já não a Deus, mas a entidades abstratas, reunidas sob o conceito de natureza. Finalmente, no "estado positivo", o último, o ser humano limita-se a observar os factos; em vez de imaginar as causas limita-se a observar as leis. 
A progressão da sociedade é feita através do mesmo esquema triádico: num primeiro momento a sociedade é sobretudo dominada pelos militares, depois pelos legisladores e, finalmente, pela indústria e pela economia. 
Num estranho e durável devaneio Comte propôs uma nova religião que pretendia substituir a católica, é a "religião positiva", em tudo semelhante à católica com uma diferença abissal: o Deus culturado não é o Deus transcendente mas a própria humanidade. 
Augusto Comte chegou mesmo a definir os templos, os sacramentos, as qualidades requeridas para se ser sacerdote, os ritos, o calendário e o tipo de estátuas.
 O culto estabelecer-se-ia de três modos: um culto pessoal através da adoração da mulher, na pessoa da mãe, da esposa e da filha; outro culto seria o doméstico: aos 14 anos a criança era iniciada, aos 21 admitida, aos 28 recebe o destino, aos 42 o casamento, aos 63 o retiro, depois a transformação (a morte) e, após sete anos, a reintegração no "Grande Ser"; havia ainda o culto público ao "Grande Ser". 
O positivismo teve uma grande aceitação, mas também inúmeros adversários. Ultrapassou as fronteiras francesas, embora com nuances consideráveis, e chegou à Inglaterra (por exemplo John Stuart Mill), à Alemanha (o naturalismo de Haeckel e o empiriocriticismo de Avenarius), ao Brasil (o positivismo ortodoxo de Miguel Lemos e Teixeira Mendes) e a Portugal (por exemplo Teófilo Braga).

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