Estrangeirados e Iluministas
Também em Portugal começaram a repercutir-se os ecos deste novo pensamento iluminista. Tal se deveu, sobretudo, à acção dos «estrangeirados», um conjunto de técnicos, altos funcionários e de burgueses, mais em contacto, através das viagens, com a cultura europeia. Tais estrangeirados entram em confronto com um estado de coisas conservador e pouco dado à inovação: de momento, a extracção do ouro do Brasil dava bem-estar económico à Coroa e à aristocracia tradicional e membros do clero, bem como a toda uma legião de altos funcionários. Tratava-se, porém de uma economia que se limitava a recolher os lucros do comércio das riquezas brasileiras e não reinvestia no incremento e na modernização da agricultura e da indústria no território do Continente europeu. Contra isso e contra o monolitismo religioso conservador, a cargo da Companhia de Jesus (que controlava, nomeadamente, toda a educação) e da repressão inquisitorial, se ergueram os mais ilustres dos nossos viajantes europeizados e iluministas. Com a subida do Marquês de Pombal ao poder, «déspota esclarecido», à semelhança de Luís XIV ou de Pedro, o Grande, e também ele «estrangeirado», deu-se a mais séria e conseguida tentativa de modernizar o País - Pombal fê-lo com base na cenralização absolutista do poder, na separação em relação à Igreja (expulsão dos jesuítas) e na criação de grandes monopólios capitalistas que colocou nas mãos da alta burguesia; para além disso e da reconstrução de Lisboa, após o terramoto de 1755, que converteu em cidade moderna e geométrica, de largas avenidas, levou a cabo uma ousada reforma da Universidade, em 1772, a fim de obter em Portugal os técnicos necessários ao desenvolvimento do País. Para esta sua reforma universitária socorreu-se do apoio de muitos estrangeirados iluministas, corno, por exemplo, António Ribeiro Sanches, médico de prestígio europeu. Pombal incrementou ainda uma política de incentivo a bolseiros o que lhes permitiu ir estudar nos grandes centros universitários estrangeiros. Em 1779 foi ainda fundada a Academia das Ciências, com a intenção de coordenar e estimular os trabalhos de investigação e de manter actualizada a universidade e a administração.
PAIS, Amélia Pinto. (2004). História da Literatura em Portugal.
Lisboa: Areal Editores
Também em Portugal começaram a repercutir-se os ecos deste novo pensamento iluminista. Tal se deveu, sobretudo, à acção dos «estrangeirados», um conjunto de técnicos, altos funcionários e de burgueses, mais em contacto, através das viagens, com a cultura europeia. Tais estrangeirados entram em confronto com um estado de coisas conservador e pouco dado à inovação: de momento, a extracção do ouro do Brasil dava bem-estar económico à Coroa e à aristocracia tradicional e membros do clero, bem como a toda uma legião de altos funcionários. Tratava-se, porém de uma economia que se limitava a recolher os lucros do comércio das riquezas brasileiras e não reinvestia no incremento e na modernização da agricultura e da indústria no território do Continente europeu. Contra isso e contra o monolitismo religioso conservador, a cargo da Companhia de Jesus (que controlava, nomeadamente, toda a educação) e da repressão inquisitorial, se ergueram os mais ilustres dos nossos viajantes europeizados e iluministas. Com a subida do Marquês de Pombal ao poder, «déspota esclarecido», à semelhança de Luís XIV ou de Pedro, o Grande, e também ele «estrangeirado», deu-se a mais séria e conseguida tentativa de modernizar o País - Pombal fê-lo com base na cenralização absolutista do poder, na separação em relação à Igreja (expulsão dos jesuítas) e na criação de grandes monopólios capitalistas que colocou nas mãos da alta burguesia; para além disso e da reconstrução de Lisboa, após o terramoto de 1755, que converteu em cidade moderna e geométrica, de largas avenidas, levou a cabo uma ousada reforma da Universidade, em 1772, a fim de obter em Portugal os técnicos necessários ao desenvolvimento do País. Para esta sua reforma universitária socorreu-se do apoio de muitos estrangeirados iluministas, corno, por exemplo, António Ribeiro Sanches, médico de prestígio europeu. Pombal incrementou ainda uma política de incentivo a bolseiros o que lhes permitiu ir estudar nos grandes centros universitários estrangeiros. Em 1779 foi ainda fundada a Academia das Ciências, com a intenção de coordenar e estimular os trabalhos de investigação e de manter actualizada a universidade e a administração.
PAIS, Amélia Pinto. (2004). História da Literatura em Portugal.
Lisboa: Areal Editores
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